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O primeiro episódio do Linha Direta mistério foi ao ar no dia 30 de junho de 2005 investigando estranhos acontecimentos que marcam a história do Edifício Joelma, um prédio de 23 andares situado no centro de São Paulo. Em fevereiro de 1974, um incêndio – causado por uma falha na instalação elétrica – matou 189 pessoas e deixou 345 feridas, configurando uma das maiores tragédias da história da cidade. Não foi, entretanto, a primeira tragédia a acontecer naquele mesmo local.

Em 1948, na casa que ocupava o terreno onde futuramente seria erguido o Joelma, o professor de química Paulo Camargo, de 26 anos, assassinou a tiros a mãe e as duas irmãs, enterrou seus corpos em um poço no quintal da casa e, em seguida, se suicidou. O “crime do poço”, como o caso ficou conhecido na época, abalou a população de São Paulo. Logo começaram a aparecer rumores de que uma maldição rondava o lugar. Um dos bombeiros que resgatou os corpos do poço morreu de infecção cadavérica. Rapidamente a casa ganhou fama de mal-assombrada. Em 1972, ela foi demolida e em seu lugar foi erguido o Edifício Joelma. Espíritas e especialistas em fenômenos sobrenaturais garantem que o local é cercado de energia espiritual negativa.

O Enigma do Edifício Joelma teve cenas gravadas em um terreno descampado na Central Globo de Produção (Projac). O episódio contou com a participação de 20 figurantes e dublês, 12 bombeiros e uma equipe de atendimento médico. Antes de explicar como seriam gravadas as cenas do incêndio, o diretor Edson Edermann exibiu para a equipe e elenco cenas do filme Joelma, 23º andar, dirigido em 1980 por Clery Cunha, que mostra imagens reais do incêndio. O filme foi baseado em Somos Seis, livro do médium Chico Xavier, com cartas psicografadas de vítimas do incêndio. Duas delas são atribuídas a Volquimar Carvalho dos Santos, uma jovem processadora de dados que trabalhava no Joelma. No filme, ela foi vivida pela atriz Beth Goulart, que estreava no cinema. A atriz, que é espírita, deu depoimento ao Linha Direta Mistério sobre estranhos fenômenos que teriam ocorrido durante as gravações.

O programa mostrou ainda o cemitério em que foram enterrados os corpos de 13 pessoas que tentaram escapar pelo elevador durante o incêndio. Testemunhas juram ter ouvido gritos vindos dos túmulos e muitos visitantes do cemitério atribuem às 13 almas a autoria de milagres.

Quatro anos depois do incêndio, o edifício Joelma foi reaberto e rebatizado com o nome de Praça da Bandeira. O primeiro episódio de Mistério bateu o recorde de audiência de todos os programas Linha Direta.

No dia 25 de agosto, o Linha Direta mistério apresentou o episódio Operação prato, que retratava a única investigação oficial do governo brasileiro sobre extraterrestres. Em 1977, a população de Colares, pequena cidade no interior do Pará, se apavorou diante da aparição de um estranho objeto que emitia feixes luminosos que pareciam sugar as forças dos moradores e deixá-los em estado de inanição. O prefeito de Colares pediu então auxílio às Forças Armadas. Assim começou a “Operação Prato”, uma missão sigilosa que durou oficialmente quatro meses, até ser interrompida sem maiores explicações. Um dos militares no comando da operação, o então capitão Uyrangê Bolívar Soares de Hollanda Lima, admitiu depois que ele e sua equipe chegaram a fotografar e a filmar espaçonaves gigantescas. Em 1997, quando já era coronel reformado, Uyrangê se enforcou com o cordão do seu roupão de banho. O Linha Direta mistério reconstituiu toda a história e ouviu ufólogos e jornalistas sobre o caso das naves espaciais.

O episódio que foi ao ar no dia 17 de novembro apresentou o episódio EQM – Experiências de quase morte, no qual vítimas de acidentes de trânsito ou afogamento narravam em detalhes as experiências de se sentirem libertados do próprio corpo durante um certo período de tempo. O Mistério mostrou casos de médicos que decretaram a morte clínica de seus pacientes e foram surpreendidos, minutos depois, com a retomada dos sinais vitais.

Algumas pessoas que passaram pela experiência falaram ao programa, como um menino que fora atingido por uma flecha e um rapaz que sofrera um acidente de moto. Também foram ouvidos entendidos no assunto, como Raymond Moody, o maior especialista mundial em EQM, e Hernande Leite, médico cardiologista e professor do Instituto Internacional de Projeciologia e Conscienciologia.

Dirigido por Edson Erdmann, EQM – Experiências de quase morte teve no elenco: Clarice Niskier, Elida Muniz, Cyria Coentro, Jaqueline Sperandio, Fernando Paganote, Lionel Fisher, Edmilson Silva, Beto Bellini, Felipe Lima, Vitória Pina, Cristelle Valle, Leonardo Rocha, Jairo Lourenço, Isley Clare, Carlos Simões, Yuri Sascho, Gabriel Mattos, Alberto Brigadeiro, Antônio Carlos Feio, Evandro Hermínio, Ana Luiza Folly e o menino Marcos Henrique.

Linha Direta : Casos Emblemáticos

No dia 17 de agosto de 1966, os técnicos em eletrônica Miguel José Viana, 34 anos, e Manuel Pereira da Cruz, 32 anos, desembarcaram na Rodoviária de Niterói (RJ) no início da tarde. Moradores de Campos, no mesmo estado, os dois – especialistas em instalação de transmissores e repetidores de sinal de televisão – haviam dito à familiares que estavam viajando para São Paulo a fim de comprar um carro e equipamentos eletrônicos.

Miguel e Manuel saíram de Campos levando a quantia de dois milhões e trezentos mil cruzeiros (cerca de mil dólares) e fizeram o seguinte percurso: visitaram o dono da loja de eletrônicos Fluscop; compraram as capas de chuva e depois entraram em um bar, nas proximidades do Morro do Vintém, para comprar uma garrafa de água. Miguel e Manoel foram encontrados mortos no alto do morro no dia 18 de agosto. Sem marcas de tiros ou facadas, os dois traziam nas mãos estranhas máscaras de chumbo e o seguinte bilhete cifrado: “16,30hs está no local determinado 18:30hs ingerir cápsula, após efeito proteger metais aguardar sinal máscara”. Foi o início de um mistério que persiste até hoje. Os corpos foram resgatados no dia 21 de agosto pelos bombeiros e levados para exame de necrópsia e toxicológico no Instituto Médico Legal de Niterói.

O laudo saiu quase dois meses depois indicando causa indeterminada para as mortes. A polícia descobriu então que a dona de casa Gracinda Barbosa Coutinho de Souza dirigia seu carro no alto da Avenida Vinte e dois de novembro, em Niterói, no mesmo dia em que os técnicos subiram o Morro do Vintém, e viu um estranho objeto, com luzes azul e laranja, no local. Em Campos, a polícia descobriu que Miguel e Manuel haviam feito diversas experiências espirituais na cidade e estavam lendo livros sobre contatos extraterrestres. O caso ocupou então as manchetes dos jornais e revistas do país. A imprensa divulgou que os dois teriam sido mortos durante contato com extraterrestres e a morte dos técnicos ganhou o interesse dos estudiosos de Ufologia de outros países, como o francês Jacques Vallè.

Um detalhe serviu para aumentar o suspense: a maior parte do dinheiro das vítimas desapareceu. Várias hipóteses foram levantadas, desde suicídio involuntário, roubo seguido de assassinato até morte por contato com extraterrestres. Mas a polícia nunca esclareceu o caso, que foi arquivado após três anos e ficou conhecido como “O Mistério das Máscaras de Chumbo”. Hoje, 38 anos depois, autoridades revelam que, na verdade, o exame toxicológico nunca foi feito porque as vísceras apodreceram no IML de Niterói. As famílias das vítimas nunca conseguiram saber o motivo das mortes e apontam falhas na investigação do caso. Até hoje várias perguntas ficaram sem respostas: o que Manuel e Miguel foram fazer no Morro do Vintém? Que tipo de cápsula teriam ingerido? Onde foi parar o dinheiro que levavam? O que teria sido o objeto luminoso visto pela dona de casa sobrevoando o local? O que teria causado a morte dos técnicos em eletrônica?

A cidade de Goiânia (GO) foi palco do maior acidente radioativo em área urbana do mundo. Em setembro de 2007, a tragédia com o césio 137 completa vinte anos e ainda deixa um rastro de medo, discriminação e miséria. No dia 13 de setembro de 1987, os catadores de papel Wagner Mota Pereira e Roberto Santos Alves encontraram um aparelho usado para o tratamento de câncer abandonado nos escombros de uma clínica de radioterapia desativada. O que eles não sabiam é que dentro da peça tinha uma cápsula de césio 137 com 100g de material altamente radioativo. Como a peça era composta de chumbo e metal, os dois ficaram empolgados com o valor que poderiam receber pela venda do equipamento.

Eles tentaram quebrá-la ali mesmo, mas não conseguiram. Mas separaram o aparelho em duas partes. Pegaram a parte menor, juntamente com a cápsula de Césio que era acoplada na extremidade da peça, e a transportaram em um carrinho de mão para a casa de Roberto. Eles tentaram abrir a peça à marretadas, mas só conseguiram desobstruir um pequeno orifício, que era vedado por um material menos resistente. Os dois amigos começaram a passar mal e não sabiam o motivo de estarem doentes. Cinco dias depois, eles resolveram vender a peça para o ferro-velho de Devair Ferreira. Dois empregados do ferro-velho conseguiram desmontar a peça e deixaram os pedaços em uma prateleira.

À noite, Devair descobriu que a peça tinha um pó que emitia um brilho azul no escuro. Ele ficou fascinado pela descoberta e resolveu mostrar o pó brilhante para a mulher, Maria Gabriela. Daí em diante, a peça e o pó – nada mais do que fragmentos do césio 137 – passou a circular entre os parentes e amigos de Devair, que, hipnotizados pelo brilho azul da morte, não faziam idéia do perigo que o material representava. Uma das pessoas que teve contato com o césio foi a menina Leide das Neves Ferreira, de seis anos, sobrinha de Devair, que chegou a ingerir . Preocupada com os problemas de saúde que sua família começou apresentar, Maria Gabriela decidiu levar a cápsula do césio para a Vigilância Sanitária.

Quando o alarme de contaminação foi dado já era tarde demais. A radiação já tinha se espalhado para centenas de pessoas. A tragédia repercutiu no Brasil e internacionalmente. Nessa época, o mundo ainda se recuperava do desastre causado por um vazamento na usina nuclear de Chernobyl, na antiga União Soviética, ocorrido um ano antes. No início de outubro de 1987, os pacientes mais graves forma transferidos para o Hospital Marcílio Dias, no Rio de Janeiro. Entre eles, estavam Devair, Maria Gabriela e Leide. Maria Gabriela e a sobrinha Leide não resistiram aos efeitos da radioatividade e morreram. Ivo, pai de Leide, também morreu. Devair recebeu alta do hospital e morreu sete anos depois. Os dois empregados do ferro-velho de Devair também morreram. Oficialmente, o acidente com o césio deixou 675 pessoas contaminadas e quatro vítimas fatais. Mas nós últimos 20 anos, 59 pessoas morreram por causa de doenças desenvolvidas a partir da contaminação. Até hoje, existem mais de 170 pedidos de indenização na Justiça e muitas pessoas ainda sofrem com doenças geradas pelo contato com o material. Em Goiânia, as vítimas do césio se reuniram em uma associação e reivindicam um atendimento médico mais digno do governo e lutam pelo fim do preconceito.

Fontes:  Memória Globo